Vazio sanitário: MT e PR registram menos autuações em 2016

Maior conscientização do produtor e clima são as razões apontadas pelas agências estaduais de defesa vegetal para a redução dos descumprimentos das normas

Daniel Popov, de São Paulo
O balanço parcial dos dois primeiros meses de fiscalização do vazio sanitário da soja na safra 2016/2017 foi positivo, já que nos principais estados produtores da oleaginosa o número de autuações foi menor, se comparado ao ano passado.

A medida visa minimizar a proliferação da ferrugem asiática da soja, que é uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que precisa do hospedeiro vivo para obter seu alimento, por isso, é necessário eliminar toda planta de soja viva. A doença provoca a desfolha precoce da planta, impedindo a completa formação dos grãos, o que gera redução na produtividade.

Em Mato Grosso, no qual o vazio vai até o dia 15 de setembro, o levantamento é realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec-MT) e pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT). Desde o inicio do vazio sanitário no estado, do dia 15 de junho até o dia 31 de julho foram fiscalizadas 3015 propriedades rurais, sendo que 30 delas foram autuadas por descumprimento da norma do vazio sanitário. “Se compararmos com outros anos, os dados que levantamos este ano mostram uma situação mais tranquila em relação ao não cumprimento do vazio sanitário e à incidência do fungo da ferrugem na próxima safra”, explica o presidente do Indea, Guilherme Nolasco.

Para se ter uma ideia, no ano passado, da metade de junho até o dia 15 de setembro, quando termina o período de vazio sanitário, foram fiscalizadas 5610 propriedades, sendo que 135 delas apresentaram o descumprimento das normas e foram autuadas. “Acredito que este ano vamos fiscalizar cinco mil propriedades em todo o período, mas duvido que faremos tantas autuações como em 2015”, garante Daniella Bueno, diretora técnica do Indea. “O aumento das campanhas de conscientização liderado por algumas entidades do setor ajudou a reduzir os números de agricultores que descumprem a lei.”

No Paraná, a situação é parecida, entretanto o clima foi uma das principais razões para a redução das autuações no estado. Segundo o diretor de Defesa Agropecuária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Adriano Riesemberg, as baixas temperaturas registradas este ano no Estado, ajudaram a matar as plantas de soja remanescentes e com isso menos incidências foram encontradas.

De 15 de junho a 31 de julho 3.027 hectares foram fiscalizados pela Adapar e 495 hectares autuados. No ano passado, no período total do vazio sanitário, que vai até 15 de setembro, seis mil hectares foram fiscalizados, entretanto 7,8 mil hectares receberam autuações por descumprirem as regras. “O clima mais frio ajudou a dizimar a soja do campo, além das recorrentes campanhas que fizemos para conscientizar os produtores”, afirma Riesemberg.

Segundo a Adapar, essa enorme diferença deve se manter até o final do período do vazio sanitário, e o número de autuações não deve aumentar muito, mesmo com a perspectiva de que as fiscalizações cheguem a 6 mil hectares nesta safra também.

Já em Goiás, uma mudança no sistema de fiscalizações inviabilizou a constatação de quantas autuações ocorreram neste ano e em períodos anteriores. A previsão é que até o próximo mês o sistema seja reestabelecido. A única informação disponível é a quantidade de propriedades fiscalizadas, que nesta safra chegou a 804, contra 436 do ano passado. Lembrando que Goiás o vazio sanitário vai de 1 de julho a 30 de setembro. “Durante o período do vazio sanitário da soja nós orientamos que todos os fiscais autuem os infratores. Quem estiver com presença de planta viva, nós autuamos”, garante o gerente de Sanidade Vegetal, da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Mário Sérgio de Oliveira. “Já no período antes do vazio, quando se tem plantas voluntárias, o produtor tem 30 dias para destruí-las após a germinação dessas plantas. Quem não cumprir a medida, também é atuado.”

Confira abaixo o calendário completo do vazio sanitário para cada estado, disponibilizado pela Embrapa Soja.

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