Armazenagem é trunfo para produtor aproveitar altas do mercado

Preço da soja vive momento positivo nos últimos dias, e os produtores que conseguiram guardar o grão podem aproveitar esse bom momento dos preços da oleaginosa

Roberta Silveira | Coxilha (RS)

Apesar das estimativas de safra recorde de soja, a estiagem de outubro, elevação expectativa de exportações apontadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a entressafra brasileira, e a alta do dólar fizeram com que os preços da oleaginosa subissem no país.

A Equipe 2 da Expedição Soja Brasil visitou uma das regiões em que o grão teve a maior valorização no mercado nacional e mostra a importância da armazenagem para aproveita os picos de preço.

O valor da soja subiu nas principais praças do país. De acordo com a consultoria Safras & Mercado, a maior cotação da semana passada foi em Passo Fundo (RS) e Cascavel (PR), com valor da saca a R$ 66,00.

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Quem consegue armazenar o grão pode esperar o melhor momento para vender o produto. Visitamos o silo do produtor rural Vanderlei Basegio, que ainda tem 1200 toneladas de soja da safra 2013/2014. Ele não tem pressa para comercializar. O importante é conseguir o melhor preço.

– Iniciamos a comercialização em maio e junho, quando o preço estava bem alto. Depois disso, o preço caiu e paramos de vender. Agora está mudando, o dólar subiu, então já dá para pensar em comercializar o restante da safra – afirma.

Basegio pode se considerar sortudo por produzir soja na região de Passo Fundo, que tem a demanda de cinco indústrias esmagadoras e por estar a 500 km do Porto de Rio Grande. Quase todo dia ele recebe ligações de gente querendo comprar o grão que ele estocou.

– Eu acho que é a melhor praça do Brasil. Pelo que a gente vê quando vocês anunciam no Canal Rural que Passo Fundo está sempre na frente. Eu acho que a localização (motivo de achar a melhor praça do Brasil), porque não estamos longe do porto. E tem bastante demanda aqui na região, para o biodiesel – comenta Vanderlei Basegio.

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O produtor não fecha contrato antecipado e nem faz travas de preço em bolsa. Prefere correr o risco. O diretor da consultoria Agroinvest, Cleber Bodignon, explica qual o tipo de negócio mais comum na região.

– É uma operação a termo, tecnicamente falando, é uma operação mais caseira mesmo, de um com o outro. Sem hedge, sem operar na bolsa, sem nada – explica.

Bodignon acredita que a alta das cotações de soja disponível tem a ver com a entressafra no Brasil, as altas na Bolsa de Chicago e, principalmente, o dólar.

– Pela demanda, tem espaço para subida e a questão cambial. Hoje, para mim, a decisão maior está em cima do câmbio. Porque nós esperávamos um momento até de preços mais baixos. E o câmbio está dando oportunidades – completa o diretor da Agroinvest.

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