Estiagem em Uruçuí (PI) provoca perdas de até 40% na região

Área responsável por 130 mil hectares enfrentou dois fortes veranicos nesta safra; há registro de produtor colhendo apenas duas sacas por hectare

Fernanda Farias | Uruçuí (PI)

No Piauí, registramos as lavouras mais castigadas pela falta de chuva desta safra. De acordo com agricultores da região de Uruçuí, é a pior seca em 15 anos. Na principal área de cultivo, tem produtor colhendo duas sacas por hectares, inclusive muitos já estão plantando milho em cima da soja que não desenvolveu.

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Nos 130 mil hectares cultivados na região, 19,30% do total do Estado, a realidade é bem preocupante. Em registro aéreo, é possível ver mais de 10 km de lavouras de soja perdidas. Esse é o resultado de mais de 40 dias de solo sem umidade. O Sindicato Rural de Uruçuí teme que a quebra de produção ainda seja maior, caso as chuvas não se regularizem daqui pra frente.

– Pelo meu cálculo e conversando com outros produtores, a perda será, no mínimo, de 40%. Tem áreas que vai ter colheita zero, têm áreas que não teve como fazer replantio, a perda é grande – explica o presidente do sindicato, Cledson Evangelista.

Imagens aéreas mostram a dimensão do estrago causado pela falta de chuva (Reprodução/Canal Rural)
Imagens aéreas mostram a dimensão do estrago causado pela falta de chuva (Reprodução/Canal Rural)

Em um talhão de quase mil hectares, a situação mais crítica da região. A soja de 120 dias morreu aos 90 dias de ciclo, depois de enfrentar dois veranicos. O agricultor Gregory Sanders começou a colher neste mês, e resultado é muito ruim. Em algumas áreas, ele chegou a colher dois sacos por hectare. O melhor resultado não passa de 10 sacas/ha.

– A gente passa a colheitadeira, é uma forma de destruir os restos culturais que ficaram. Então a gente estima que vai colher entre quatro e cinco sacas por hectare – afirma o produtor.

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Dos 35 mil hectares que a família cultiva em três fazendas, cinco mil foram totalmente perdidos, 4300 hectares foram replantados duas vezes, até que a soja foi substituída pelo milho. Com isso, a produção total será 53% menor e o prejuízo só será recuperado em alguns anos, já que as lavouras, como na maioria da região, não são cobertas pelo seguro rural.

– A minha estimativa era colher 1293 sacos de soja, vamos colher 691 sacos. Isso aí é pelo menos dois anos para recuperar. É um retrocesso muito grande. Completamos 13 anos aqui e é nosso pior ano – lamenta Sanders.

Na lavoura de Sanders, grão não se desenvolveu e colheita será muito baixa (Fernanda Farias/Canal Rural)
Na lavoura de Gregory Sanders, grão não se desenvolveu e colheita será muito baixa (Fernanda Farias/Canal Rural)

Situação um pouco melhor

Um terço da fazenda que o sojicultor Caio Bortolozzo administra em Uruçuí está com soja. O restante é ocupado por algodão e milho. Dos 4500 hectares, apenas 400 precisaram de replante. Se não faltar chuva daqui em diante, ele deve colher 10 sacas/hectare a menos que o previsto.

– Eu acredito que a rotação de cultura ameniza bastante a quebra de produção. A gente vai fazendo o perfil do solo, rotacional aqui na fazenda, então sofremos menos com a estiagem. Agora esperamos 45 sacas, se chover bem, até um pouco mais – afirma Bortolozzo.

Caio Bortolozzo torce para chuva permitir que ele colha 45 sacas por hectare (Fernanda Farias/Canal Rural)
Caio Bortolozzo torce para chuva permitir que ele colha 45 sacas por hectare (Fernanda Farias/Canal Rural)

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