Soja: com mercado equilibrado, preço não deve variar

Independente da maior oferta da oleaginosa nos Estados Unidos, as cotações internacionais da commodity devem se manter em torno de US$ 10 bushel

Apesar da perspectiva de ampla oferta de soja dos Estados Unidos, com 10 milhões de toneladas a mais na temporada 2016/17 em relação à 2015/16, as cotações internacionais da commodity devem se manter em torno de US$ 10 por bushel na temporada 2016/17, na estimativa do fundador e sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa. “Temos hoje um quadro de demanda fortalecida, com uma oferta do Mercosul que vai crescer pouco”, disse Pessôa durante o Seminário Febraban (Federação Brasileira de Bancos) sobre Agronegócios, que ocorre nesta terça-feira, 18, em São Paulo.

Se por um lado a estimativa é de que a produção da oleaginosa nos EUA atinja 116 milhões de toneladas em 2016/17, Argentina, Brasil e Uruguai devem reduzir a área plantada com o grão neste ciclo. Na Argentina, o câmbio e o adiamento para 2018 da redução da taxa sobre a exportação de soja devem levar o país a diminuir em 3% a área cultivada com a oleaginosa, para 19,7 milhões de hectares, segundo projeção da Agroconsult.

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A possibilidade do fenômeno climático La Niña, que se confirmado traria chuvas abaixo da média para a Argentina e também para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ainda oferece risco de prejuízo à produção. “A probabilidade de ocorrência de La Niña diminuiu, mas ainda existe. Em junho, havia 55% de chance. O porcentual recuou e voltou a subir em outubro, para 40%”, declarou Pessôa, tomando como base cálculos feitos pela consultoria considerando dados climáticos.

Já no Brasil, é esperado um menor avanço da área cultivada com a oleaginosa. “O aumento da área de soja no Brasil em 2016/17 deve ser de 1,5%, ante média de 5% nos últimos anos”, declarou Pessôa. Três razões foram apontadas para a mudança no curso da expansão de área: uma boa parte dos produtores brasileiros, responsáveis por 1,6% dos 5% de ampliação de área plantada dos anos anteriores, deixará de converter área de milho verão em lavouras de soja; outros 1,4% correspondem a grandes empresas que promoveram expansão de área nos últimos anos e que, agora, passam por fase de desalavancagem e renegociação de dívidas.

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Ainda assim, a Agroconsult projeta aumento de 7% da produção de soja no Brasil no ciclo 2016/17, para 102,9 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 50,8 sacas por hectare.

Produtores pequenos e médios, responsáveis pela abertura de novas áreas nos últimos anos, foram afetados por falta de crédito e agora enfrentam problemas de caixa. Diante deste cenário, a Agroconsult estima que nos próximos três ou quatro anos o crescimento médio da área plantada com soja no Brasil será de 2,5%, “caso os preços internacionais se mantenham no mesmo nível de hoje”, de acordo com Pessôa.

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A perspectiva de demanda firme da China por grão dos EUA também reforça o cenário de cotações futuras na faixa dos US$ 10/bushel no ciclo 2016/17, destacou a consultoria. “A estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) é de demanda chinesa de 86 milhões de toneladas em 2016/17; a Agroconsult projeta 88 milhões de t neste ano”, concluiu.

Estadão Conteúdo