Produtores de Itapeva (SP) trocam pecuária por soja e projetam boa produção

Município que antes era conhecido pela produção de feijão e pecuária hoje é referência na produção de soja em São Paulo

Ricardo Cunha | Itapeva (SP)

Itapeva, no sudoeste de São Paulo, plantou nesta safra 72 mil hectares de soja. Aumento de 20% em relação à safra 2013/2014. Há cinco anos, a área plantada não passava de 30 mil hectares. Hoje, o município é considerado a capital paulista da soja, título que antes era de Assis.

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Antigamente, Itapeva era referência no cultivo de feijão e na pecuária de corte. Na última década, a soja tomou espaço. Se considerar a região que inclui as cidades de Itaberá, Buri, Itararé e Taquarivaí, a área semeada sobe para 170 mil hectares.

– Nós temos uma condição climática altamente favorável, com altitude acima de 700 metros, onde a cultura se adaptou muito bem. Durante o dia, a soja consegue fazer sua fotossíntese e à noite consegue respeitar. É uma condição climática um pouco mais amena e favorável para essa cultura – explica o diretor da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) Itapeva Valdir Daniel Silva.

Na Fazenda Jequitibá do Alto, localizada em Buri, a soja já está consolidada. Não existe mais sinal da pecuária. O gado foi substituído pela soja, milho e pelo cultivo de pinus, para extração de resina e madeira.

– Não tem comparação. Por mais que a pecuária esteja agora com bons preços, mesmo assim não tem como comparar. A agricultura aqui na fazenda está mais do que consolidada – admite o dono da propriedade Frederico D’Ávila.

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A conversão dos sistemas foi feita a partir de 1999 e demandou investimentos em tecnologia. Plantio Direto e outras práticas foram adotados pelos produtores para transformar a região em uma das mais prósperas para o plantio da soja em São Paulo. Talvez, com algumas das mais altas médias de produtividade do país.

– Há quatros anos temos a média geral, considerando sequeiro e irrigado, Intacta e não-Intacta, acima de 70 sacas por hectare. Ano passado fechamos com 72,6 e ano retrasado com 73 sacas. Este ano nós esperamos 75 sacas, por conta da Intacta – projeta D’Ávila.

Um dos fatores que explica a boa produtividade na Fazenda Jequitibá do Alto é a rotação de culturas.

– Nós não repetimos soja por mais de dois verões. Obrigatoriamente, um terreno que foi plantado com soja vai voltar com milho. É o máximo que nós toleramos. Trigo nós também não plantamos duas vezes na mesma área. Com isso, temos resultados positivos – explica.

Comercialização garantida

Há 15 anos existiam cerca de 90 mil hectares de pastagens degradadas em Itapeva. Com a chegada da soja, a região teve 60 mil hectares convertidos em lavouras. Na Fazenda São Paulo, o gado ainda ocupa uma parte da propriedade, mas o rebanho é bem menor: 2300 cabeças. No ano passado, chegou a ter quatro mil animais. Se a pecuária diminui, a soja só aumenta de área.

– Começamos com 100 hectares de soja e hoje já temos 1700 hectares plantados – afirma o administrador da propriedade, João Jacinto Dias de Almeida.

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Almeida só vê vantagens na escolha da soja e garante que é um caminho sem volta, principalmente pela facilidade de comercialização.

– A gente planta no final de setembro, mas em junho e julho está praticamente negociada. Você tem a opção de negociar contrato futuro. O pessoal para quem você vende, as trades, são empresas de confiança, que você não tem problema de não receber – explica o administrador da Fazenda São Paulo.

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